Nuno Barros iniciou-se nestas lides da cozinha em 2007 (depois de ter feito formação na Escola Cordon Bleu, em Londres) no 2780 Taberna, em Santo Amaro de Oeiras. Por essa altura o mundo do vinho e da gastronomia não tinha o hype que tem hoje – tirar uma fotografia a um prato ou a uma garrafa num restaurante ainda fazia rodar muitas cabeças – e este novo espaço trazia uma lufada de ar fresco à restauração da grande Lisboa. A criatividade das propostas e o humor que colocavam em toda a comunicação do projecto (muitas vezes assente na assumida paixão benfiquista), em conjunto com um ambiente informal e menus a 20€, colocaram a Taberna de Oeiras nas bocas do país gastronómico. Foi aqui que tive contacto pela primeira vez com a cozinha de Nuno Barros e hoje, já com o projecto terminado, penso que não haja ninguém que lá tenha estado que não relembre aquela época com saudade.
Como em todas as modas há que acompanhar as tendências e uma delas nestas coisas da restauração é, sem sombra de duvida, estar nos lugares mais quentes do momento. E foi assim que em 2012 Nuno Barros chega com a 1300 Taberna ao LX Factory, com um conceito mais crescido da antiga taberna de Oeiras. O código postal do local continua a ser a inspiração para o nome da “tasca”, mas tirando isso e a continuação de uma cozinha criativa, pouco mais sobra do antigo projecto.
O relato de hoje é de uma excelente refeição que lá fiz no âmbito de mais uma Prova dos 7, desta vez da responsabilidade do Hugo Mendes, sob o tema Vinhos Bio. Esta visita já foi há algum tempo, mas gostei tanto da experiência que não quis deixar de a partilhar aqui.
Se há lugar que tem boa onda (para não usar o gasto termo cool) em Lisboa, esse lugar é a Lx Factory. A arquitectura industrial em comunhão com as novas tendências, da moda à arquitectura, da leitura às propostas gastronómicas, fazem deste um lugar que dispõe bem e isso é logo meio caminho andado para o sucesso dos projectos que por ali proliferam. É num dos seus antigos armazéns que encontramos a 1300 Taberna. Pé direito alto, colunas de ferro, vigas de aço, chão em cimento afagado, vários elementos que não nos deixam esquecer o adn industrial do espaço. Mas apesar de tudo isto não se trata de um ambiente frio. Toda a decoração, com peças antigas misturadas com outras mais contemporâneas, onde sobressaem os grandes e bonitos candeeiros, é pensada no equilíbrio necessário para que o conforto de quem entra neste lugar seja total. E isso é conseguido.
Já sentados à mesa, os pratos do menu degustação (29,50€) começaram a chegar a bom ritmo. Foram 8 pratos que nos mostraram o nível da cozinha que Nuno Barros está a praticar neste momento. A criatividade e imaginação que eram uma bandeira da 2780 Taberna mantêm-se, mas agora sustentadas por uma cozinha mais adulta, menos experimental, onde a qualidade e a frescura dos produtos, preferencialmente nacionais, assumem um papel preponderante.
Sobre o serviço, tanto o de sala como o de vinhos, tendo em conta a especificidade de refeição que fizemos, com uma prova de vinhos pelo meio, não deu para retirar grandes ilações. Relembro a informalidade do mesmo e a disponibilidade com que foram contornando os desafios que uma refeição do género lhes colocou (e se estes wine geeks são chatos).
No final, a ideia que ficou, é que depois de já ter passado a habitual excitação inicial, o 1300 Taberna navega em boas águas, num projecto sólido, preparado para enfrentar as traiçoeiras marés da restauração lisboeta. A conveniência da localização, o cuidado na decoração e o bom nível da cozinha do chef Nuno Barros, são argumentos mais que suficientes para nos fazerem querer voltar.
1300 Taberna
Rua Rodrigues Faria 103, 1300 Lisboa. Lx Factory.
Telefone: (+351) 213 649 170
Email: [email protected]
Fecha aos domingos e segundas
Preço médio sem vinho: 30€ (aos almoços de semana há menus mais em conta).