Família de Vinhos. Vinhos de Família. É assim que a José Maria da Fonseca se nos apresenta nos dias de hoje.
Agora na 7ª geração, a José Maria da Fonseca, apesar de ser um dos gigantes da produção e comercialização de vinhos de mesa em Portugal, continua a ser uma empresa 100% familiar. E fazem questão de nos convidar para fazer parte dessa família, através da ligação aos vinhos como os próprios dizem “…não nos faz sentido falar apenas em castas, em prémios, em história, já se passaram demasiadas gerações para isso. Faz sentido continuar a fazer isto, para todos, esperando que continuem a ser da nossa família e a fazer parte desta história.”
Quase 200 anos de história é de facto muito tempo, tanto que não me arriscaria a contá-la apenas numa única publicação. Atalhe-se portanto.
Quando em 1857 o Rei Dom Pedro V confere a Ordem da Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito às “instalações vinárias do Sr Fonseca” em reconhecimento “pela sua modernidade, asseio e eficiência”, era um anúncio para as gerações vindouras quanto à responsabilidade do legado do seu fundador. Antes disso, no ano de 1850, já José Maria da Fonseca tinha criado uma das mais emblemáticas marcas do sector do vinho, o Periquita, dando origem ao mais antigo vinho de mesa português.
Apenas duas curtas passagens de momentos marcantes na história da José Maria da Fonseca, mas que ilustram bem a importância que esta casa tem para a história do vinho em Portugal e para a região da Península de Setúbal em particular.
Um riquíssimo legado histórico que agora tivemos oportunidade de conhecer um pouco melhor em mais um Bloggers Day, uma iniciativa que demonstra a consideração e estima pela comunidade wine blogger em Portugal, que muito se saúda e nos conforta a alma.
A receber-nos estava Sofia Soares Franco, responsável de comunicação e enoturismo da empresa, que nos deu as boas vindas e nos abriu um pouco o véu do que tinha sido preparado para aquela apresentação. De seguida, Domingos Soares Franco, seu tio, vice presidente e enólogo da JMF, juntou-se ao grupo, para se darem início aos “trabalhos” de conhecer as novidades deste produtor de Azeitão.
O ambiente informal e de boa disposição foi uma constante. Enquanto se provavam as amostras de cuba dos brancos da vindima de 2013, escutou-se com atenção Domingos Soares Franco, enquanto falava das dificuldades com que se tinham deparado nesta vindima, a mais longa da história da JMF (4 meses), ou no potencial dos brancos deste mesmo ano, cujas uvas vindimadas antes da borrasca proporcionaram boas maturações e estão a revelar bons resultados, como tivemos a oportunidade de constatar. E depois questionou-se, trocaram-se opiniões, não tendo ficado pergunta, da mais inocente à mais provocadora, sem resposta.
Coube ao novo espumante da casa, já na companhia de alguns acepipes, fazer a transição para o almoço, onde a conversa e o convívio continuou já com a presença de alguns pesos pesados da casa. Postos à prova com o inevitável queijo de azeitão e depois com o bacalhau com broa, saíram-se bem, não estivéssemos perante alguns dos melhores vinhos que se produzem em Portugal. Marcante foi o final de refeição, com as tortas de Azeitão, outro ícone da região, a estenderem a passadeira vermelha para a entrada de suas altezas, os Moscateis. Desta vez luxuosamente ladeados por uma aguardente velha – novidade fresquinha – de nome Excelsior, feita a partir de uvas moscatel e que apenas foram cheias 12 (doze!!) garrafas. Cada uma será comercializada ao preço de 485€, exclusivamente à porta da adega.
Com tantos motivos de interesse era natural que, entre muitas histórias e boa disposição, a visita tenha terminado à mesa. Uma apresentação que mais pareceu, tal a descontracção e informalidade, uma visita a casa de amigos. Para conviver e provar vinhos. De família.