Café Lisboa

A envolvência do lugar, a segurança das propostas gastronómicas e a dinâmica de um espaço que nos recebe a qualquer hora do dia , colocam-no no topo da lista numa incursão ao Chiado, seja em modo família, ou para levar aqueles amigos que estão de visita à cidade.

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Há muito que o Chiado recuperou a aura de outrora, de ponto central da vida lisboeta. As pessoas voltaram, a oferta comercial também, com ela muitos e bons restaurantes (e menos bons também) e como consequência disso voltou a ser um ponto turístico de referencia, para todos os que visitam a capital. Quem vem contribuindo activamente para isso neste últimos anos tem sido José Avillez, reconhecido chefe de cozinha, que conta já com quatro espaços de restauração neste nobre bairro lisboeta. O Chiado passou a ser a sua “aldeia”, como gosta de afirmar.

Depois do Cantinho, do Belcanto e da Pizzaria Lisboa, tem neste Café Lisboa, em pleno Teatro Nacional de São Carlos, a sua mais recente aposta. O enquadramento do lugar não poderia ser mais feliz, com a sala interior confortada pelo classicismo do edifício que a alberga e a esplanada aberta para o charmoso Largo de São Carlos, bem de frente para a casa onde nasceu Fernando Pessoa. Os rigores do nosso inverno – agora até temos disso – levaram-nos à sala interior, que nos pareceu mais acolhedora para este almoço de sábado.

Chegámos sem reserva e com a sala cheia. Simpaticamente fomos convidados a aguardar uns minutos no bar, enquanto não vagava uma mesa. Em boa hora, pois foi a desculpa perfeita para conhecermos a carta de cocktails, onde a escolha recaiu no Macário, um delicioso cocktail à base de vinho do porto branco. Será esta uma homenagem à mítica e agora centenária Casa Macário? Melhor começo era impossível. De referir que a carta de cocktails é da responsabilidade de Dave Palethorpe, proprietário do bar Cinco Lounge e famoso por ter dinamizado a cocktail culture da cidade.

Enquanto nos deliciava-mos com o Macário, íamos sentido o pulso ao ambiente e piscando o olho ao movimento da cozinha através do passa-pratos bem à nossa frente.

Chegados à mesa, bem ao lado da incontornável peça da artista plástica Joana Vasconcelos que empresta modernidade ao espaço, estamos então em condições de começar a pensar na comida. O tempo no bar serviu também para explorar a carta, que está disponível a qualquer hora do dia e que aposta forte em recuperar algumas receitas tradicionais, sujeitas ao tal twist que o Chef já nos habituou, onde os Pasteis de Lisboa (de massa tenra) com Arroz de Grelos e os Bifes à Café, assumem lugar de destaque. Fora de horas junta-se ainda uma carta alternativa de petiscos.

Couvert com bom pão, azeitonas, molho de tomate e manteiga, para começar. Na entrada, uns Nuggets de Bacalhau, crocantes por fora e macios por dentro, com o fiel amigo num ponto de cozedura tal, que podíamos ter ficado toda a tarde a mergulhar os ditos na maionese de alho e cebolinho que os acompanhavam. Nos principais, os dois clássicos já referidos, Pastel de Lisboa com Arroz de Grelos e Bife à Café Lisboa. O primeiro, de massa tenra, quente e estaladiço, com a massa leve e fina e o recheio cremoso e apetitoso. Adornado pelo arroz de grelos que estava perfeito, no ponto e no sabor. O segundo, com uma peça de carne generosa, tenra e no ponto solicitado, teve no molho, pouco gordo, mas muito saboroso e aveludado, um dos momentos mais altos da refeição.
Terminou-se a mesma de forma bem Alfacinha, com a Bica e o Pastel de Nata, outra das especialidades da casa. Tudo, servido com competência e simpatia.

Para beber escolhemos um espumante bruto, o Terras do Demo Rosé (24€), que se mostrou bastante consensual e à altura dos vários cruzamentos a que esteve sujeito. A carta de vinhos é curta mas compensada pela diversidade, o serviço é aceitável, os preços também, apesar de resvalarem em algumas referências.

Em jeito de conclusão, o que este Café Lisboa faz é reforçar a consistência dos projectos de José Avillez. Aqui não se correm riscos, muito à semelhança do que acontece no Cantinho e na Pizzaria, contribuindo para isso uma equipa bem oleada e perfeitamente entrosada com a carta que está a servir. A envolvência do lugar, a segurança das propostas gastronómicas e a dinâmica de um espaço que nos recebe a qualquer hora do dia , colocam-no no topo da lista numa incursão ao Chiado, seja em modo família, ou para levar aqueles amigos que estão de visita à cidade.

Café Lisboa
Teatro Nacional de São Carlos,
Largo de São Carlos 23, Lisboa.
Tel: +351 21 191 44 98
Aberto todos os dias, das 12:00 à 01:00.
Preço médio sem vinho: 25€
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