Adler Asperg – Schwabenstube (Estugarda)

Amouse. Estaladiço de camarão, e ananás com vinagrete de maçã. A salada (por baixo do crepe) tinha um sabor asiático que conjugava muito bem com o ananás e o marisco. Muito bom e muito bonito. Quando se chama crocante a algo, deveria provar-se este crepe primeiro.
Coelho com cogumelos e espinafres. Muito bom. Entrada fria do menu de almoço (com cubinhos de beterraba).
Tiras de vitela com chucrute, gelatina de vinagre de cidra, lavagante e espuma de pepino.  Um prato que ilustra bem a cozinha do Chef Harald Derfuß, a tradição aliada à modernidade. Aqui numa referência de terra e mar, num prato que apesar dos imensos elementos, conjugavam-se muito bem. Achei só que o sabor da carne acabava por sobrepôr-se um pouco ao resto.
Robalo com Risotto de abóbora. O meu prato favorito da refeição. Excelentes produtos, no ponto exacto de cozedura. Um prato perfeito.
Sela de Borrego com ovo de codorniz e polenta. Também estava muito bom, uma carne deliciosa, suculenta e num ponto irrepreensível. Pena ser um prato muito forte para esta fase do menu, perde com isso.
Leitão com molho de… (Menu de almoço. Este prato não provei, os quadradinhos são batata, e o molho já não me recordo. Quem o provou, disse que a carne estava tenra e deliciosa)
Variação de gelados com frutas frescas. Gelado de Manga e Pêssego com salada de fruta (Menu Almoço).
Gelado de pistácio, ameixas marinadas e mousse de chocolate branco. Uma sobremesa fresca, para equilibrar o peso do menu. Adorei o sabor das ameixas com a mousse.
Nos vinhos, pedimos um branco que caracterizasse aquela região, que não ultrapassasse os 30€, e que fosse bem com os primeiros pratos do menu. Foi-nos servido este Riesling Herzog Von Wurttemberg
O tinto foi também foi escolhido pelos mesmos critérios, um produtor local em que o vinho pudesse ser um cartão de visita da região. O sommelier trouxe-nos um monocasta Lemberger, produzido na Staatsweingut Weinsberg. Aqui, ao contrário do Riesling não achei o casamento com o menu tão conseguido.
Para adoçar o momento do café. Chocolates artesanais, huuummmmmm…
Serviço Versace, bonito, mas um pouco fora do contexto.

Estando num país estrangeiro, onde não se tem qualquer referência sobre restaurantes, e se quer ter a certeza de uma boa experiência, só conheço um método infalível. O Guia Michelin. Amado, odiado, controverso, mas igual a ele próprio. Foi através dele que cheguei a este Adler Asperg, que nunca tinha ouvido falar, mas que acabou por ser o escolhido pela sua localização e pelos preços apresentados.
No economicamente poderoso estado de Baden-Wurttemberg, a pacata vila de Asperg situa-se numa zona rural, 20 km a norte de Estugarda, e este restaurante inserido no hotel com o mesmo nome, é uma das maiores atracções do lugar e uma referencia na região.
Num bonito e pitoresco edifício centenário, encontramos o Hotel Adler Asperg e o seu restaurante gastronómico Schwabenstube. O interior é de decoração clássica, um pouco conservadora para o meu gosto, confesso, mas ainda assim bonito o suficiente para nos sentirmos bem. O ambiente no entanto era descontraído e havia uma boa disposição reinante.
Ao comando dos fogões está o Chef Harald Derfuß (Derfuss) que passou por vários restaurantes na Alemanha até chegar, em 2006, à cozinha do Adler Asperg. Dois anos após a sua chegada, o seu trabalho foi reconhecido com uma estrela no guia Michelin, que ainda hoje mantém. Um exemplo de como um projecto sólido, estável e consistente dá os seus frutos.
Nesta refeição deu para perceber que a partir de uma base tradicional assente em produtos de qualidade, muitos deles locais, trabalhados com boa técnica, há uma cozinha criativa que segue o caminho de modernidade que a alta cozinha alemã tem assumido nos últimos anos, com excelentes resultados reflectidos no crescente numero de estrelas no Michelin. A confecção e o empratamento são excelentes. A relação qualidade-preço também.
Ao almoço durante a semana existe um business lunch de três pratos, que muda semanalmente, e que por 29€ oferece uma relação qualidade-preço excelente. Os menus de degustação, são compostos por tres (49€), quatro (65€), e cinco pratos (79€). Na minha mesa, houve quem fosse pelo menu almoço, quem fosse pelo menu três pratos, e quem fosse pelo de quatro. Eu pedi o menu de quatro, na intenção de provar mais pratos, estava tudo muito bom, mas acabou por ser um menu muito pesado, o único defeito a apontar em toda a refeição. A opção de três pratos à carta pareceu-me a mais adequada, tendo em conta o peso dos pratos.
A carta de vinhos é absolutamente espantosa, ao ponto de já ter sido considerada pela Wine Spectactor como uma das melhores do mundo, prémio que exibem com orgulho num discreto cantinho do restaurante. Nunca tinha visto nada assim, a carta chega em forma de livro de capa grossa, com uma lombada de três centímetros. São centenas de referências de todo o mundo, está tudo lá, Champagne, Bordéus, Borgonha, Brunelos, Riojas, Novo Mundo, muita Alemanha, em especial a região de Wurttemberg que aparece com uma secção própria. Portugal também lá está, com Portos e Madeiras. 
O serviço é imaculado. Copos, temperaturas, serviço, tudo na perfeição, o sommelier Sr Zuen (se bem percebi), está de parabéns.
A qualidade do serviço nos vinhos, estende-se ao serviço na sala. Muita simpatia e profissionalismo, distante mas atento, tudo com muita elegância, sem uma única falha a apontar. 
Em apreciação final, a qualidade da gastronomia deste estrelado Adler Asperg, não anda muito longe da de alguns restaurantes do mesmo segmento que conheço em Portugal, a grande diferença prende-se de facto no serviço, aí os furos acima são evidentes.
Se assentarmos o sucesso de uma refeição em 20% no ambiente, 30% no serviço e os restantes 50% na comida, só podemos dar uma nota alta a este Adler Asperg. Mais uma vez, o Michelin não engana.
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